A luxação do ombro ocorre quando a cabeça umeral perde o contato com a glenóide, ou seja, os ossos do ombro saem fora do lugar. Por ser a articulação do corpo humano com maior arco de movimento ela é mais suscetível a luxação, sendo a articulação mais deslocada no adulto. A maioria das vezes o primeiro episódio ocorre após algum evento traumático, como uma queda durante uma partida de futebol ou um acidente de carro. Ela é mais comum em homens jovens (20-29 anos) e após os 80 anos. O ombro pode sair para qualquer direção, porém é mais comum para anterior.
A chance de desenvolver luxação recorrente do ombro, ou seja, ter vários episódios de luxação geralmente é associada a idade no momento da lesão (quanto mais jovem foi o seu primeiro episódio de luxação, maior a chance de sair novamente o ombro do lugar).
Também depende da gravidade das lesões associadas:
- Lesão de Bankart: é uma lesão do labrum glenoidal antero-inferior, o principal ligamento estabilizador do ombro
- Lesão de Hill-Sachs: é uma fratura impacção da região póstero-lateral do úmero (afundamento do osso)
- Outras lesões associadas: Lesão do manguito rotador (pacientes mais idosos), lesões neurológicas (plexo braquial ou nervo axilar), lesões da cartilagem ou outras lesões labrais. Essas lesões devem ser acompanhadas e tratadas para não dar complicações no futuro.
Os sintomas mais comuns são: deformidade no ombro, inchaço, dor intensa, incapacidade de mover o ombro e formigamento.
Se ocorrer uma luxação do ombro não tente puxar para o lugar. Faça uma imobilização provisória com uma tipóia e vá ao pronto-socorro para realizar uma radiografia para avaliação de fraturas associadas, a direção da luxação e ser feita uma redução.
Caso o ombro fique estável o tratamento é feito com o uso de mobilização temporária (tipóia) e fortalecimento.
Exames a serem realizados:
- Rx: é o exame inicial para avaliar se o ombro está reduzido (no lugar) e se tem fraturas associadas
- RNM: avaliação das lesões ligamentares, fratura da glenóide ou da cabeça umeral e lesões tendíneas
- Tomografia: ideal para avaliar a extensão da lesão óssea.
Nos casos que evoluem para instabilidade recorrente do ombro é necessário realizar um tratamento cirúrgico. Até a realização da cirurgia evite as posições que você sente que o ombro possa deslocar, principalmente posições como pegar objetos no bando de trás do carro, arremessar objetos ou dormir com a mão atrás da cabeça.
As opções cirúrgicas são:
- – Cirurgia de Bankart artroscópico: são utilizados pequenas âncoras para reinserir o ligamento junto ao osso.
- – Remplissage.
- – Cirurgia de Latarjet: para cirurgias com defeito ósseo da borda da glenóide e hill-sachs extenso. É realizado a captação do enxerto do coracóide e transferido para a borda anterior da glenóide com 2 parafusos.
Existem indicações precisas para cada tipo de cirurgia. É necessário avaliar cada caso para decidir o melhor tratamento.
Cirurgia de Bankart
Pós-operatório:
Geralmente utilizamos uma tipóia por 4-6 semanas. Após é realizado ganho de arco de movimento e fortalecimento. O retorno ao esporte ocorre após 6 meses.
Perguntas comuns:
1- O meu ombro vai ter o arco de movimento normal?
Geralmente a movimentação do ombro é quase normal. Algumas vezes ocorre a perda de rotação externa do ombro.