As fraturas do úmero proximal são muito comuns, chegando a ser 7% de todas as fraturas. Acomete principalmente mulheres idosas (2x mais comum) e osteoporóticas. É a quarta fratura mais comum do idoso (após fratura do rádio distal, fêmur proximal e coluna).
O seu mecanismo de trauma mais comum é uma queda da própria altura sobre o ombro. Após a queda ocorre muita dor, a movimentação do ombro é diminuída, pode ter estalos ao tentar mexer e aparece equimose (arroxeamento da pele, podendo se estender até o cotovelo/tórax).
O exame inicial a ser realizado é uma radiografia em 3 incidências (frente, perfil e axilar de velpeau). Nas fraturas mais graves é necessário a realização de uma tomografia para melhor programação cirúrgica.



O tratamento depende de alguns fatores:
- Desvio: as fraturas são consideradas desviadas quando tem um afastamento entre as partes > 1cm ou uma angulação > 45 grau. Pode ter variações dependendo da parte acometida e esporte praticado pelo paciente;
- Idade;
- Comorbidades: diabetes, arritmia, hipertensão e outros;
- Lado acometido: dominante ou não;
- Nível de atividade (trabalho ou esporte).

Tratamento geral: os pacientes com fratura do úmero proximal deve ser avaliado como um todo. Avaliar as comorbidades (osteoporose, depressão), vícios (alcoolismo e tabagismo), risco de queda e a cooperação do paciente com o tratamento.
Cada caso é um caso e deve ser avaliado cuidadosamente. É importante alinhar as expectativas do paciente com o tratamento conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador é realizado com um período de imobilização com tipóia, variando de 4-6 semanas. A fisioterapia pode ser iniciada precocemente, dependendo do desvio e estabilidade da fratura. O fortalecimento geralmente é iniciado após 3 meses.

Opções de tratamento cirúrgico:
- Âncoras;
- Parafusos;
- Placa bloqueada;
- Haste intramedular;
- Prótese parcial do ombro;
- Prótese reversa do ombro.




Após a cirurgia é necessário um período de imobilização com tipóia, variando de 2-6 semanas. A fisioterapia pode ser iniciada precocemente, dependendo da estabilidade da fratura. O fortalecimento geralmente é iniciado após 3 meses.
Infelizmente como em todos os procedimentos cirúrgicos existe um pequeno risco de complicações como: infecção, lesão neurovascular, problemas de cicatrização da ferida, rigidez do ombro, osteonecrose e risco anestésico.
Cuidados
Os pacientes idosos com fratura do úmero proximal tem risco aumentado de ter novas fraturas, como rádio distal, fêmur proximal e coluna. Devido a isso é interessante fazer um acompanhamento com o geriatra, avaliar a necessidade de óculos, necessidade de bengala e adotar medidas que diminuem o risco de queda, principalmente em casa.


O que é osteonecrose?
A Osteonecrose é uma complicação devido a gravidade da fratura, chegando a acometer 30% dos casos das fraturas graves. Pode ocorrer após o tratamento conservador ou cirúrgico das fraturas. Os vasos sanguíneos (artérias e veias) ficam muito lesadas e não levam sangue para o osso, que sofre devido a falta de nutrientes.
Geralmente ocorre uma reabsorção óssea causando deformidade na articulação, implantes proeminentes ou soltura dos implantes. Pode ser necessário a cirurgia de retirada dos parafusos/placas ou a revisão para artroplastia.
É possível quebrar a placa após a cirurgia?
Caso ocorram novos traumas como queda ou esforço importante antes da consolidação da fratura é possível entortar ou quebrar a placa. Caso não ocorra a consolidação da fratura em algum momento vai ocorrer a quebra do implante.
É necessário retirar a placa/haste após a fixação da fratura? Geralmente não é necessário. Em alguns casos que tem impacto, implante proeminente ou infecção pode ser necessário retirar os implantes, sendo necessário avaliar individualmente cada caso.